Sábado, 26 de Abril de 2025
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Representantes da Serrinha defendem o fim do espelhamento imobiliário na região

Em evento de Lançamento da Frente Parlamentar em defesa da Serrinha nessa sexta-feira, representantes, defensores da região, e o deputado Fábio Fél...

04/08/2023 14h10
Por: João Moreno Fonte: Agência CLDF
Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF
Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF

Em evento de Lançamento da Frente Parlamentar em defesa da Serrinha nessa sexta-feira, representantes, defensores da região, e o deputado Fábio Félix (Psol) destacaram que o evento é um pontapé na organização na mobilização do tema no âmbito do Poder Legislativo. 

“A Serrinha é a fotografia, mas tem um plano de fundo em relação a isso que é a luta por um comprometimento maior do governo do Distrito Federal em defesa das águas, nascentes e meio ambiente de forma geral com uma política que seja minimamente comprometida com essa agenda política”, apontou. 

Fábio explica que o ‘plano de fundo’ é um objetivo maior de proteção ambiental e a mudança na forma como o governo pensa a questão fundiária a especulação imobiliária. O deputado diz que os interesses mobiliários tem mobilizado diferentes atores econômicos e tem buscado novos territórios independente de qualquer perspectiva técnica. 

“Esse segundo semestre vai ser desafiador na questão da regularização fundiária e temos a perspectiva de uma série de projetos importantes relacionados a isso. Essa mobilização de hoje é importante em defesa da Serrinha, mas para um debate qualificado sobre regularização fundiária sem permitir um atropelamento dos diferentes territórios, histórias e vocações aqui no DF.

Para abrir os discursos de convidados, o Doutor em geociências em meio ambiente pela Universidade Estadual Paulista e professor adjunto da UNB, José Vicente, explica em seu estudo que a área é formada de quartzito, ardósia e junto às falhas nas rochas e relevos planos tornam essas áreas eficientes em infiltração e boa permeabilidade criando nascentes, córregos e rios.

“Eu fiz uma contribuição dos afluentes para ver quanto que a Serrinha contribui e isso vai dar em torno de 37 a 40% de contribuição de água pura, cristalina e com pouco sólido para o Lago Paranoá. Isso mantém a água ecológica e se colocar todo o volume total, a contribuição da Serrinha passa de 40% e pode chegar a até 60”, explica. 

O professor traz dados da CAESB que de 2003 até 2023 as vazões diminuíram graças às ocupações de interflúvio no Taquari 1, incêndios e ocupações de terra. Segundo ele, esses fatores proporcionam menos infiltração e água nas nascentes e em microbacias interligadas à Serrinha. 

“Nosso estudo sugere que esta área seja destinada como interesse público, pelos serviços prestados à saúde ambiental e humana sendo designada a conservação e preservação dos recursos naturais, para as gerações futuras e manutenção do bem-estar ambiental e humano”.

Para Lúcia Mendes, ativista em defesa da Serrinha e Nascentes de água, o compromisso é de fazer um enfrentamento à área rural que está sendo mudada para zona de expansão urbana com risco de gerar problemas. 

“A bacia do Paranoá que hoje abastece 600 mil pessoas tem a qualidade da água da Serrinha. Então porque ocupar essa região? Já houveram projetos de empreendimentos imobiliários para a região desde a década de 80 e 90.” 

Lúcia afirma que no DF, há quase 150 mil domicílios desocupados do Distrito Federal, segundo dados do censo de 2022, logo não haveria explicação para a construção de novos empreendimentos. 

“A gente tem que colocar para os empresários de imobiliárias que qualquer área de expansão é problema na bacia hidrográfica, é problema na água. Não tem que fazer mais esse tipo de expansão tão inconsequente e que não atende a população de baixa renda. Se fizer qualquer empreendimento tem que pensar no cuidado e no ecossistema”, disse. 

Para a engenheira agrônoma, Maria Silvia Rossi, todos são feitos da água e que devido aos padrões urbanos a áreas rurais tem sido impermeabilizada, o que afeta a natureza e a filtragem de água usada. 

“O que a natureza faz que é por água para dentro de nascentes e filtrar água que sai suja da cidade e limpa no aquífero . Não tem tecnologia humana que faça isso nessa escala, de forma pública, gratuita e 24 horas por dia 7 dias por semana. É necessário que o ser humano consiga  outro padrão de desenvolvimento de ocupação e de convivência com territórios”, concluiu. 

Por fim, a presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas dos afluentes do rio Parnaíba-DF, Alba Evangelista, defende que o comitê trabalha com o gerenciamento de recursos hídricos e é considerado um ‘parlamento das águas’ pois é onde a sociedade pode se manifestar. Alba também utilizou o momento de fala para interrogar porque o Lago Paranoá não tem uma área de proteção de manancial. 

“8 das 12 regiões hidrográficas brasileiras recebem águas do cerrado. Isso traz uma responsabilidade muito grande com relação à qualidade e a quantidade de água que a gente tá entregando para outras regiões hidrográficas. A área [de proteção ambiental] precisa ser criada urgentemente pois é a água que a gente bebe, é diluída, afluente e que não pode ser assoreada pelos projetos urbanísticos lá da Serrinha. 

Ao final do evento foram distribuídas moções de louvor para homenageados. O evento foi transmitido pela TV Câmara Distrital (canal 9.3) e YouTube.

Joás Benjamin (Estagiário) - Agência CLDF