O Senado promoveu nesta segunda-feira (2) sessão especial em homenagem ao centenário de nascimento do empresário Jaime Tomaz de Aquino (1924-2015). Ele fundou a Companhia Industrial de Óleos do Nordeste (Cione) e contribuiu para a consolidação da cajucultura no Brasil. A homenagem, que contou com a participação dos familiares do empresário, foi realizada por iniciativa do senador Eduardo Girão (Novo-CE).
Jaime Tomaz de Aquino nasceu em Jaguaribe, no estado do Ceará. Foi caminhoneiro, comerciante e fundou a Cione em 1962. A empresa atua no ramo da produção e exportação de castanha de caju e se apresenta como a mais antiga empresa do setor em atividade no país.
Eduardo Girão afirma, em seu requerimento para a realização da homenagem ( RQS 562/2024 ), que as atividades da Cione geram desenvolvimento econômico e social para milhares de pessoas no Ceará e no Piauí. E destaca que esse empresário se tornou o maior produtor de caju do país.
“Além da Cione, Jaime Aquino fundou e geriu um conglomerado de empresas que operavam tanto no Brasil quanto no exterior. Essas empresas, reunidas sob o Grupo Cione, atuavam em diversas áreas da cadeia produtiva do caju, desde o cultivo até o beneficiamento e a comercialização dos produtos finais. Com uma estrutura que empregava milhares de pessoas, Jaime Aquino foi responsável por gerar desenvolvimento econômico e social em regiões carentes do Nordeste, sobretudo no Ceará e no Piauí, onde mantinha várias fazendas de cajueiros, totalizando cerca de 100 mil hectares”, diz o senador.
O requerimento de Girão foi subscrito pelos senadores Esperidião Amin (PP-SC), Plínio Valério (PSDB-AM), Izalci Lucas (PL-DF), Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Magno Malta (PL-ES), Sergio Moro (União-PR) e Jorge Kajuru (PSB-GO).
Durante a sessão, Eduardo Girão declarou que Jaime Aquino foi um cearense notável que se destacou não apenas pelo empreendedorismo, mas também pelo seu profundo conhecimento sobre o desenvolvimento social e econômico do Ceará. De acordo com o senador, o empresário foi um verdadeiro reflexo do espírito do povo cearense, que, ressaltou Girão, tem a resiliência entre as suas maiores virtudes.
Segundo Girão, Jamie Aquino começou sua trajetório como caminhoneiro, quando observou o potencial econômico da castanha de caju, dando início a uma jornada que culminaria na criação da Cione, em 1962. Sob sua liderança, a empresa ser tornou a maior exportadora de castanha de caju do Brasil, com produção anual que atingia 35 mil toneladas.
— Ele não só conquistou mercados nacionais, como expandiu a exportação para Estados Unidos, Canadá, Europa e Oriente Médio. Com visão clara de inovação, investiu constantemente na modernização, a partir de projetos que colocaram o Brasil no mapa global.
O senador afirmou que Aquino, com abordagem humanista e inovadora, transformou as suas fazendas em comunidades sustentáveis, e, como defensor do uso integral do caju, liderou campanhas para evitar o desperdício da polpa do caju e promover sua inclusão no Programa Fome Zero, mostrando que a fruta poderia ser usada em vários pratos.
Girão declarou que, além disso, o empresário foi promotor da história e da cultura brasileira, tendo organizado homenagens para destacar a contribuição de líderes políticos e históricos do país, como Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Santos Dumont.
— Jaime Aquino nos deixou em 2015, mas seu espírito empreendedor e seu compromisso com o desenvolvimento sustentável permanecem vivos em cada projeto de sua autoria, sem abrir mão de princípios éticos e condutas responsáveis, sendo exemplo para todos os que buscam um mundo mais justo e sustentável. Seu exemplo nos ensina que determinação, trabalho árduo e visão de futuro podem transformar vidas e comunidades inteiras — disse Girão.
Ao contar que conheceu pessoalmente Jaime Aquino, o senador Flávio Azevedo (PL-RN) enfatizou que o empresário era realmente um visionário.
— Jaime era um perfeccionista. Para ele não servia nada mais ou menos. Ele me dizia que tinha de ser sempre o melhor. Ele era um apaixonado pela cultura, mas tinha um sentimento socioeconômico enorme, talvez porque tenha nascido pobre. Jaime não foi só um grande homem do Ceará; Jaime foi sobretudo um grande brasileiro — afirmou Flávio Azevedo.
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), José Amilcar de Araújo Silveira disse que Jaime Aquino foi um legítimo representante da história do caju no Ceará.
— O Ceará é feito de grandes homens, e o Jaime Aquino é um desses homens. Era um homem de bem, um homem que precisa ser guardado nos anais do Ceará.
Chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Adolfo Saavedra Pinto salientou que Jaime Aquino foi uma personalidade necessária e indispensável para a construção da cadeia da cajucultura nas décadas de 1960 e 1970.
— Ali pela década de 1990, ele teve outra brilhante ideia: a de que é possível construir uma base imensa de produtos a partir da fibra do caju. A partir da ideia de um visionário, aplicamos a tecnologia e conseguimos fazer produtos hoje altamente competitivos, veganos, de proteína vegetal. Isso foi uma ideia original de Jaime Aquino, e depois usamos a tecnologia para a coisa funcionar e ganhar escala.
Integrante da diretoria do Instituto do Caju Brasil, Maurício Campos reiterou que Jaime Aquino teve uma atuação visionária, contribuindo para o desenvolvimento da cajucultura.
— Ele era um visionário. Estava muito à frente de seu tempo: já visualizava toda essa tecnologia, a cajucultura inserida no veganismo, na gastronomia e no setor de bares e restaurantes. Era um grande incentivador dessas culturas e desse desenvolvimento.
Também integrante da diretoria do Instituto Caju Brasil, Ana Cristina declarou que Jaime Aquino dedicou-se incansavelmente às práticas sustentáveis na cajucultura. Ela salientou que o empresário transformou a indústria do setor e inspirou muitos a seguir seus passos ao desenvolver métodos para transformar o caju em fonte valiosa de nutrientes e energia.
Sobrinha de Jaime Aquino, Lisiane Dias Carneiro Aguiar disse que o empresário é um exemplo a ser seguido por todos no Ceará e no Brasil. Também sobrinho do homenageado, Aderson Gondim Carneiro ressaltou que o empresário “tinha uma maneira de tratar as pessoas que era cativante, apesar de não ter estudo acadêmico”.
— Ele tinha uma inteligência muito acima da normalidade. Era um homem visionário, que fazia coisas que, à época, a gente não entendia. É por isso que estamos aqui hoje comemorando o centenário dele. Ele não era focado no lucro; era focado na satisfação — afirmou Aderson.
Membro da Câmara Temática do Caju do Piauí, Josenilto Lacerda Vasconcelos destacou a importância de Jaime Aquino para a consolidação da cajucultura atual.
Engenheiro agrônomo e amigo do homenageado, Luiz Eduardo Rodrigues afirmou que Jaime Aquino lhe serviu de inspiração, e que deve ao empresário a educação que recebeu quando se mudou para Fortaleza para estudar agronomia.
A advogada Angélica Gonçalves Lopes destacou que Jaime Aquino foi um “homem muito além de seu tempo, e merece ser lembrado e homenageado pelo que foi e pelo que é, pois seus ideais continuam, todo o ideal de vida que ele nos trouxe, à cajucultura, à luta pelos seus objetivos, de crescer e de incentivar o estado do Ceará”.
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